quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A obrigação de crescer e amadurecer


Como gosto de ressaltar aqui frequentemente, me admira cada vez mais a capacidade do cinema de despertar a identificação através de uma obra. Posso afirmar que é através dessa identificação que encontramos a catarse necessária para enfrentar e lidar com a realidade. Pelo menos, é o que acontece comigo. 

É com essa introdução que venho apresentar Frances Ha, um dos melhores filmes que vi este ano. Muitas foram as comparações que vi, nas críticas que li, com a série Girls, de Lena Dunham. No entanto, apesar de eu ser completamente apaixonada pela série de Dunham, como já mostrei aqui e aqui, "Frances" desponta como uma obra menos crua esteticamente e, embora mais doce, é também triste e melancólica.   

Vamos à história: Frances (Greta Gerwig) divide um apartamento em Nova York com Sophie (Mickey Sumner), sua melhor amiga. Brincalhona e com ar de quem não deseja crescer, ela recusa o convite do namorado para que more com ele justamente para não deixar Sophie sozinha. Entretanto, a amiga não toma a mesma atitude quando surge a oportunidade de se mudar para um apartamento melhor localizado, mesmo que isto signifique que ela e Frances passem a morar em locais diferentes. A partir de então tem início a peregrinação de Frances em busca de um novo lugar que se adeque às suas finanças, já que ela é apenas aluna em uma companhia de dança à espera de uma chance de integrar o grupo de bailarinos que encenará o espetáculo de Natal. Mesmo diante das dificuldades, Frances tenta manter o alto astral diante os problemas que a vida adulta traz.

Achamos que ao sair da faculdade caminharemos rumo ao crescimento pessoal e profissional rapidamente. Mas as coisas não são assim e é nesse período que muitos de nós somo obrigados a crescer e amadurecer, por mais que muitas vezes relutemos. O mais impressionante é nos darmos conta de que, além de não estarmos onde e como imaginávamos, também vermos que os nossos sonhos estão bem longe virarem realidade.

E é sobre isso o filme dirigido por Noah Baumbach. A obra traz uma leveza, ao mesmo tempo em que é um "wake up call" para essa geração, a minha geração. Todos nós crescemos, mas não necessariamente amadurecemos. Mais uma vez ressalto a importância da arte, pois é através dela que enxergamos de forma mais ampla o que ocorre em nossa volta. Espero que não aconteça apenas comigo. 



OBS: Não posso deixar de citar duas cenas que, na minha opinião, foram as melhores do filme: a cena de Frances dançando ao som de Modern Love, de David Bowie e uma linda cena de uma conversa em um jantar. Maravilhosas! 

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